Marilia Carneiro: feeling, pesquisa e reflexão na construção de figurinos

1 Marilia Carneiro Foto Marcos Pinto (1)

Uma das etapas mais importantes na construção de um personagem é a elaboração do figurino. As roupas reforçam elementos da personalidade de alguém e é um dos fatores que pode demarcar fases na vida de um personagem dento de um contexto.

Marília Carneiro, a mulher responsável pelo figurino da novela Caras e Bocas concedeu a J&J uma entrevista na qual fala um pouco mais sobre a construção de um personagem, sobre sua trajetória e as característas que auxiliam a elaboração de um guardarroupas harmonioso e de acordo com cada personagem.

J&J- Um figurino requer grande investigação, reflexão e interpretação, uma vez que representará a alma de um personagem. A partir de qual momento você começa a elaborá-lo? Auxilia ou delonga a interferência da visão do ator que irá interpretá-lo após a sinopse divulgada?

Marília- Através da sinopse do personagem começo a pensar nele. Um personagem para mim começa na cabeça, como num quadro imagino os detalhes, o corte de cabelo combinando com os tons de suas roupas que harmonizam com a sua pele. Exemplo: a Flávia Alessandra não ficou muito bem com esse corte de cabelo curto desfiado na navalha e a Sheron Menezes, com sua beleza negra e seu cabelo natural?

J&J- Conseguirias montar um paralelo entre as principais diferenças de se trabalhar em novelas, teatro e cinema?

Marília- No cinema o tempo é menor seja para produção ou para exibição do resultado, por isso tudo que envolve os personagens devem ficar evidente. Em uma novela temos quase um ano e às vezes mais até de exposição na tela por isso podemos ter detalhes subjetivos que ficam mais marcantes ao longo da trama, já no cinema não.

J&J- Quais são as alternativas (empréstimo, compra, confecção…) mais utilizadas nas novelas da Globo, e quais vantagens que ela traz?

Marília- Nós temos um acervo de peças grande na emissora e sempre temos a opção de compras extras de peças com o inicio de uma nova produção para trazer frescor e tendências para a produção, fabricar é mais utilizado para peças de época.

J&J- Além de sua paixão por leituras referentes a artes, história e cultura de modo geral, você viaja bastante, tem na sua bagagem experiência de atriz e até mesmo com vendas de roupas. Você considera que sua caminhada facilitou uma aproximação, e talvez um maior entendimento neste meio profissional?

Marília- Claro. Eu estou sempre buscando conhecer algo novo, minhas paixões são: a minha família, as viagens, os filmes, livros, as galerias e os museus de arte que eu já visitei além, é claro, das novelas e de toda essa vivencia visual e emocional que já tive nesses quarenta anos de profissão que acaba se refletindo no meu trabalho. 

J&J- Não é mais novidade dizer que as novelas são grandes lançadoras de tendências, e por isso seu trabalho é conhecido pelo Brasil todo, despertando grande curiosidade pela população e profissionais de moda. Com isso, você precisa estar sempre um passo à frente. Então, o que pesa mais: pesquisa ou feeling?

Marília- Se você não tiver feeling, um olhar aprimorado, certamente não descobrirá na pesquisa peças interessantes.

J&J- Sua obra Marilia Carneiro no Camarim das Oito virou uma referência bibliográfica para faculdades que possuem curso de moda. Imaginava tamanha repercussão?

Marília- Acho que toda autora deseja no fundo que sua obra seja valorizada, afinal existe um grande trabalho por trás do resultado publicado. Mas, confesso que fiquei muito feliz com o reconhecimento positivo dos leitores. Eu estou completando 40 anos de carreira sendo destes 35 na TV Globo, não mereço esse carinho, risos. 

J&J-  Imaginamos que deve ser bem corrido o período de trabalho. Quando acaba, qual é sua válvula de escape para se preparar para uma nova jornada?

Marília- Uma viagem, sempre. Aliás, já estou estudando qual será o próximo destino em janeiro quando termina Caras e Bocas.

1 Marilia Carneiro Foto Marcos Pinto (3)

 

 

Por Marina Cezar/ Douglas Oberherr

Fotos: Marcos Pinto

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